domingo, 23 de setembro de 2012

1ª Operação - Uma semana em casa antes da 2ª Operação


Eu conseguia alimentar-me melhor, afinal de contas era a comida da mãezinha. Eu procurava comer apenas alimentos saudáveis que pudessem repor um pouco da minha energia e dar forças para a segunda cirurgia que iria ser no dia 25 de Setembro, ou seja, era só uma semana em casa e voltava de novo para o hospital.
Eu cansava-me muito rápido ao ficar sentada ou em pé, queria logo deitar-me, praticamente eu só me levantava para tomar tomar banho, comer, ir ao WC e fazer o exercício de respiração, afinal de contas eu tinha que manter alguns hábitos que me ensinaram no hospital.
Vi-me negrinha para me adaptar aos colchões cá de casa, como a minha coluna mudou um pouco, eu sentia a diferença. Então começava a imaginar na 2ª operação, a diferença iria ser muito maior na coluna, então o meu pai tinha a ideia de comprar um colchão novo para quando eu voltasse do hospital.

sábado, 15 de setembro de 2012

1ª Operação - Após a cirurgia - 5º e último dia de internamento


Fui tomar banho ao chuveiro pela primeira vez, mas claro com vigilância de uma auxiliar. Eu já conseguia ir ao WC sozinha, fazer as coisas minimamente.
Estava eu a almoçar quando o Dr. Armando me faz uma visita e pergunta-me, se consigo respirar bem, se consigo mexer-me minimamente bem e se eu queria ir embora, eu respondi que conseguia sim respirar e mexer-me e claro que queria ir embora se ele me deixasse, ele deu uma gargalhada e disse que ia tratar da papelada da alta. Fiquei toda contente, liguei logo para minha mãe a dizer que ia ter alta, e ela já estava a caminho.
Os meus pais chegaram, ajudaram-me a arrumar as minhas coisas, a enfermeira veio fazer-me o penso e acabei de me vestir e vim logo embora.
A viagem para casa foi tranquila, não tive grandes dores, mas eu no fim só realmente queria a minha caminha, o meu quarto, estava cheia de saudades.

1ª Operação - Após a cirurgia - 4º dia


Foi a mesma rotina, só que na hora de almoço recebi a visita do Dr. Armando e do Dr. Daniel, eles vinham tirar-me o drene. Coloquei-me na posição de lado, eles cortaram os dois pontos que seguravam o tubo e puxaram, o mais incrível é que não doeu, só fez impressão quando saiu a ponta que estava lá dentro, mas nada de dor. Trataram-me e foram embora.
A enfermeira perguntou-me se eu queria almoçar sentada no cadeirão, eu logo respondi que sim, eu já estava de cama à 4 dias sem me mexer por causa do drene e agora que mo tiraram, eu queria levantar-me. Ela ajudou-me a levantar, mas eu sentia mesmo muito tonta, eu não tinha noção do que estava perto ou longe, o que e fez muita impressão.
No fim da tarde, pediram-me para trocar para outro quarto, sem vigilância, porque viria outra rapariga que iria ser operada, eu aceitei.
Resumindo, este dia foi muito bom, senti-me muito bem em ver que cada dia estava a melhorar a olhos vistos.

1ª Operação - Após a cirurgia - 3º dia

Foi mais complicado dormir devido às dores e ao incómodo que tinha, porque nunca me habituei a dormir de barriga para cima, mas consegui passado algum tempo adormecer. Durante o dia, foi a mesma rotina do dia anterior, o banho e as visitas.

1ª Operação - Após a cirurgia - 2º dia


Passei a noite muito bem, acordei por volta das 07h00 porque sendo uma unidade e tendo mais do que um doente na sala os enfermeiros têm logo que começar cedo a tratar de organizar os medicamentos para cada um.
Tomei o pequeno-almoço por volta das 8h00, e estava ansiosa que chegasse a hora das visitas que era às 11h00. Sentia muitas mais dores do que no dia anterior, mas nada que a morfina não ajudasse. Só neste dia é que percebi que tinha um dreno, eu nem sabia o que era o enfermeiro é que me esteve a explicar, que era para tirar o sangue solto que estava lá dentro e, de que de vez em quando, ele tinha que vir carregar na bomba para ajudar a puxar e digo já que é muito doloroso mesmo.
Por volta das 9h00 veio a enfermeira e auxiliar dar-me banho na cama, porque não me podia levantar por causa do drene, o meu drene tinha de diâmetro por aí 2 cm. Após o banho vi um pouco de televisão e logo chegou a hora das visitas. O resto do dia foi normal, com dores carregava na morfina e logo passava.

1ª Operação - Cirurgia - 11 de Setembro de 2012


Às 7h30 da manhã a auxiliar vem acordar-me para eu ir tomar banho, que talvez me viessem buscar às 8h30. Lá fui eu tomar banho com os detergentes de lá, que na verdade eram os desinfetantes das mãos e vesti a tão conhecida bata que mostra tudo na parte de trás, mas deram-me umas cuecas transparentes que eram de tamanho único, mal me serviam e eu sou magrinha. Sequei o meu cabelo com a toalha e depois voltei a deitar-me para descansar mais um pouco.
Às 8h30 entra um enfermeiro todo agasalhado na unidade e quando leio as letras que tinha no casaco atrás dizia “Bloco Operatório”, pronto aí soube logo que tinha chegado a minha horinha. Ele realmente vinha buscar-me, era muito simpático e ajudou-me imenso a acalmar-me. Guardei as minhas coisas lá na mesa-de-cabeceira do hospital e cobri-me toda com o cobertor e tudo, porque até chegar ao bloco iria passar por correntes de ar. Lá fui eu deitada na cama. Nunca pensei andar de elevador deitada numa cama, já que tenho pavor a elevadores, mas lá teve que ser saímos no 2º piso, que só tinham acesso as pessoas que tivessem uma chave própria que controlava o elevador. Sai do elevador e andamos mais um pouco até encontrarmos uma porta que no topo dizia que era o bloco operatório, era portas automáticas todas elas, a porta real do bloco onde mais ninguém podia entrar a não ser os médicos, enfermeiros e anestesistas a porta era de correr mas automática também, ao pé dessa porta antes de entrar havia uma espécie de sala de espera, onde os pais das crianças que estavam lá dentro ficavam à espera de notícias, porque na verdade era o bloco da pediatria, eu é que era a única maior de idade porque o meu ortopedista era de pediatria e quando o conheci eu tinha 17 anos. Fiquei à espera que me dissessem algo na sala de recobro onde vi uma criança num berço a sair do bloco e a vir recuperar na sala de recobro.
Eram 9h30 quando vieram trazer a última pessoa ao recobro e vieram falar comigo, 2 anestesistas, 1 estagiária e 1 enfermeiro vieram apresentar-se e disseram que eu era a próxima, que não precisava de ter medo nem receio. Após 5 minutos vieram buscar-me e colocaram-me ao lado de uma espécie de maca que andava que era para ir para a maca do bloco, meteram-me a rede na cabeça e uma espécie de almofada redonda com um buraco no meio, e começaram-me a mudar para a outra maca pela maca andante, do outro lado estavam para aí 6 ou 8 pessoas à minha espera todos vestidos a rigor e um deles era o meu ortopedista que estava sempre a dizer que aquilo não se despachava, mas na brincadeira, disseram-me também que na próxima operação que não ia caber ali, foi uma risota. Após estar na outra maca que eram muito estreita mesmo, levaram-me para a sala onde iria ser operada, com aquelas luzes enormes no teto, o chão com uma espécie de escoamento para depois ser tudo lavado e já para não falar no frio enorme que lá estava dentro, parecia opólo norte. Então começaram a preparar-me, veio a anestesista e a estagiária, que também queria ser anestesista, começou por meter-me um aquecedor nas pernas, que soube pela vidinha e depois foram buscar as coisas para me meter o catétere, mas ao mesmo tempo tinha outra pessoa a colar-me uma espécie de pensos no corpo e outros na cabeça que tinham uma espécie de picos. Ouço a voz do meu ortopedista a dizer que eu iria ser aberta lateralmente para tratar da Escoliose e na segunda operação tratariam da HipercifoseSinto alguém a mexer na minha mão esquerda, era a anestesista que estava à procura da veia, encontrou-a e colocou a agulha, dói imenso, mas depois do pico de dor passa logo. Ela injeta a anestesia e logo que acaba eu começo a ver as coisas a rodar, e depois não me lembro de mais nada.
Foram 4h30 de cirurgia, o meu acordar foi horrivelmente doloroso, porque tinha 3 pessoas a mexerem-me, eu ainda nem via muito bem, só via sombras e já me estavam a fazer perguntas, perguntavam-me se tinha dores e eu disse que sim e então meteram uma espécie de um comando que ao carregar a morfina entrava no meu sangue, mas essa máquina da morfina era esperta só me dava a morfina num determinado tempo de intervalo, imaginem as dores que eu estava que depois os enfermeiros disseram-me que eu só no recobro cliquei no botão do comando 34 vezes, mas só me foi concedida a morfina 17 vezes, devido a máquina ser esperta. Digo que o meu acordar foi doloroso, porque eles fizeram-me o raio-X ali mesmo, tiveram que me levantar meter a espécie de tábua nas costas e depois tirar o que doeu imenso. Mas depois deixaram-me descansar um bocado antes de me mandarem para a unidade, nesse descanso só ouvia as crianças a queixarem-se também o que me meteu muito dó mesmo.
Chegou finalmente a altura de me mandarem para unidade, onde já podia ter visitas, já não via os meus pais desde o dia anterior desde as 18h e sentia muito a falta deles. Lá me levaram para a unidade, passamos de novo pelo elevador, e cheguei ao meu piso. Vi logo a minha mãe e fiquei toda contente. Colocaram-me no meu sítio com tudo ligado, oxigénio, morfina e o soro. Eu se tivesse dores bastava carregar no comando e lá vinha a morfina, passado alguns minutos a dor passava. Recebi a visita dos meus pais, mas eu só queria dormir por causa da anestesia. Estava cheia de sede e com os lábio secos, mas não podia comer nem beber nada até às 17h00, só quando viesse o lanche eu ia ver se aguentava a comida ou não. Não tive enjoos, nem nada do género, correu tudo bem no resto do dia.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

1ª Operação - Internamento - 10 de Setembro de 2012

Dei entrada na UVM (Unidade Vétebro-Medular), do Hospital de Santo António no Porto, às 17h00, estava cheia de medo não sabia o que esperar era a primeira vez que era internada e ainda por cima operada. Quando cheguei à unidade, que na verdade era uma sala com seis camas, onde todos os doentes tinham sido operados à coluna, tínhamos assistência permanente, de enfermeiros, durante 24h. Pediram-me várias informações sobre mim, se eu sabia a razão de lá estar e se sabia o que me iam fazer, eram tudo do protocolo que tinham de cumprir, se a pessoa não soubesse de algo eram obrigados a dizer tudo. Vesti o meu pijama e deite-me a ver televisão até chegar o jantar às 19h00, a comida não era má de todo. Depôs de jantar vi as minhas novelas habituais e à 00h00 desligaram tudo para os doentes descansarem, demorei imenso a adormecer.